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 Os evangélicos norte-americanos estão esperançosos para eleger em 2016 um presidente da república que os represente, mas, como em eleições anteriores, essa parcela da população, embora influente, permanece bastante dividida. A revista britânica The Economist desse mês traz uma análise da corrida presidencial, partindo do ponto de vista desses eleitores.

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A publicação cita o estado de Iowa como um bom lugar para observadores interessados estarem nesse momento. Localizado no meio-oeste norte-americano, o estado sedia as primeiras votações de cada ciclo da eleição presidencial. Segundo a revista, os cristãos evangélicos costumam constituir 60% dos ativistas que desafiam o gelo e a neve para participar das primárias do Partido Republicano em Iowa, que neste ano serão no dia 1º de fevereiro. Muitos deles são bastante conservadores e em Iowa geralmente vencem os candidatos que soam como pregadores que fazem descer fogo do céu. Ainda assim, os seus campeões, auto-denominados born-again (nascidos de novo) raramente vencem as primárias. No livro “As quatro faces do Partido Republicano”, de Henry Olsen e Dante Scala, o autor calcula que apenas um de cada cinco eleitores republicanos no país são “evangélicos muito conservadores”.

Neste ano, os conservadores religiosos estão determinados a aumentar a sua influência. A maioria dos pastores parece apoiar o senador Ted Cruz, do Texas, um linha-dura que seduziu os habitantes de Iowa com a sua oratória cheia de referências bíblicas e as suas promessas de lutar pelos religiosos do país.

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Turnê

Um dos maiores entusiastas por uma união de evangélicos mais consistente é o evangelista Franklin Graham, filho do famoso pregador batista Billy Graham, que está em turnê pelos cinquenta estados do país para convencer religiosos a se registrarem para votar. Graham não é um estranho para o poder temporal. Ele apoiou iniciativas de plebiscitos contra o casamento gay e dirigiu orações na primeira cerimônia de posse do presidente George W. Bush.

Dessa vez, contudo, ele não vai endossar nenhum político ou partido. Outros figurões cristãos promoveram encontros com o objetivo de se unir em torno de um candidato, para fazer bom uso de um calendário no qual as primeiras eleições primárias acontecem em estados rurais e sulistas cheios de eleitores religiosos.

Apoios

Uma grande organização evangélica de Iowa, The Family Leader, apoiou Cruz. James Dobson, o fundador da Focus on the Family, um grupo de pressão conservador, fez o mesmo. Outros candidatos não perderam as esperanças. Ben Carson, o neurocirurgião aposentado que passou anos no círculo de palestras cristão, também tem seus apoiadores – embora poucos, depois que foi exposta sua frágil compreensão de política externa. O senador Marco Rubio, da Flórida, sublinha a sua fé e os seus pontos de vista duros sobre o aborto. Até mesmo Donald Trump, dono de cassinos e casado várias vezes, fala do seu amor pela Bíblia e tem conquistado apoio significativo entre os evangélicos.

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Steve Deace, um apresentador de rádio conservador de Iowa, sugere que os evangélicos que querem votar em Trump estão “frustrados com políticos fracotes e querem um durão”. Deace descreve ouvintes que querem um presidente que defenda a liberdade religiosa (ou, como ele diz, que lute contra a “jihad arco-íris” do movimento gay) e barre a imigração ilegal e o terrorismo.

Diversidade

Eleitores evangélicos nas eleições gerais serão ainda mais variados: milhões de evangélicos são negros ou pertencem a igrejas hispânicas que têm crescido rapidamente. Eles se preocupam com as redes de segurança do governo, a pobreza e os direitos dos imigrantes tanto quanto com o aborto e o casamento gay.

A The Economist conclui que muitos evangélicos brancos parecem cegos para essa diversidade, e soam como capelães da direita republicana. Se eles escolherem um campeão que reforce essa identidade estreita, condenarão a si mesmos à irrelevância.

 

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Colaborou: Felipe Koller