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Para mim assistir um filme de Star Trek sempre é algo muito diferente, mesmo os antigos. Acredito que a ideia de ir em uma jornada sem um destino fixo no espaço e a destinos que nenhum homem antes foi, toda a discussão de ficção científica, alimenta o meu sonho de ir ao infinito e além, isso sem falar na trilha sonora.

Em 2009 JJ Abrams assumiu o desafio de trazer novamente o universo de Star Trek para o cinema, e em vez de criar novos personagens preferiu pegar aqueles clássicos da série da década de 60. Um grande risco levando em conta o número de fãs realmente apaixonados pela franquia, conhecidos como “trekkers”. Para evitar ser apedrejado ou sofrer todos os disparos de phasers possíveis, teve uma ideia genial: todos esses personagens estariam em uma linha temporal paralela a partir de determinado momento da vida do capitão James Tiberius Kirk. Isso lhe deu liberdade para criar novas aventuras com um elenco mais jovem interpretando os mesmos personagens já conhecidos.

É verdade que os dois primeiros filmes (lançados em 2009 e 2013) tem mais aventura que ficção científica se comparados com os dez filmes anteriores, mas o desafio foi aceito e teve sucesso tanto de crítica quanto de bilheteria, mesmo não trazendo tanta discussão filosófica, científica e moral como seus antecessores.

Agora em 2016 JJ Abrams deixa a cadeira de diretor para outro grande fã de Star Trek (Justin Lin, que dirigiu quatro filmes da franquia “Velozes e Furiosos”), e o novo filme consegue resgatar um pouco do espírito de Star Trek criado por Gene Roddenberry, mesmo mantendo a linha de aventura. Ainda não é o ideal (pelo menos para mim), mas o caminho começa a ser trilhado para o local certo.

O forte do enredo é tratar da união dos povos em prol da paz com a intenção de superar desafios. Para muitos isso é um discursinho raso, mas para que conhece a franquia desde a série da TV entende a importância deste objetivo que a tripulação da Enterprise tem, que é promover os valores da liberdade, igualdade, paz e cooperação entre os membros da Federação dos Planetas Unidos.

Durante o filme vemos não só a tripulação dividida por força de um grande inimigo, mas também que é a união e o desejo de juntos superarem as dificuldades os fazem mais fortes, buscando esperança onde talvez não existisse. São coisas assim que me fazem gostar de Star Trek.

Um tempo atrás houve uma discussão sobre o fato de transformarem um personagem clássico em homossexual, e acredito que valha a pena falar sobre isso (como fã).

Quando a série de TV foi criada em 1967, além da discussão científica que Gene Roddenberry tinha como objetivo, teve um papel importante ao colocar a primeira mulher negra em um papel de grande relevância na televisão, algo que para a época nos Estados Unidos era algo muito desafiador, sendo este mais um dos motivos que tornou o seriado um grande marco.

Da mesma forma, segundo George Takei (ator que interpretou o tenente Hikaru Sulu no seriado e nos primeiros filmes da franquia), era a intenção de Roddenberry colocar um personagem homossexual, não o fazendo porque acreditava que não seria o melhor momento para isso.

Pois bem, este novo filme traz um personagem que é homossexual e o escolhido foi … o tenente Hikaru Sulu. A escolha deste personagem foi como uma homenagem ao ator George Takei, que é homossexual, mas o que não esperavam é que o homenageado dissesse que não achou uma boa ideia, se posicionando assim porque estavam mudando a caracterização de um personagem que foi criado por Roddenberry como heterossexual.

Sinceramente, não me importa se no filme tem homem, mulher, heterossexual, homossexual, negro, branco, amarelo, azul, ou seja lá o que for, para mim o que interessa é ter um bom roteiro, bons personagens e boas atuações. O que me incomoda é a mania atual do cinema de que os filmes devem cumprir as “cotas” para se ter todos ao mesmo tempo, muitas vezes forçando a existência de um personagem ou de uma situação só para agradar seja lá quem for. Este é o caso que vejo neste filme, já que resolveram mudar um personagem para homenagear um ator e para isso forçam uma mudança desnecessária em um personagem. Teria sido melhor criarem um novo personagem em vez do que fizeram (sei que é chatice de fã, mas como disse lá no início do texto, esta franquia tem uma grande número de fãs apaixonados que querem respeito ao universo trekker).

Passado este detalhe (pequeno para a maioria, mas relevante para os trekkers), o filme é muito bom e vale ser visto no cinema.

Vida longa e próspera!

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Nota:

4

Sinopse: Se passaram três anos da lendária missão de cinco anos da USS Enterprise. Capitão Kirk (Chris Pine) começa a questionar o motivo de se juntar à frota estelar e Spock (Zachary Quinto) também passa por uma crise existencial. Enquanto ambos tomam atitudes para mudar o rumo de suas vidas em breve, um pedido de socorro os obriga a sair em uma última missão, mas com consequências desastrosas.

Ficha técnica:

Gênero: Ficção Científica
Direção: Justin Lin
Roteiro: Doug Jung, Gene Roddenberry, Simon Pegg
Elenco: Adam DiMarco, Anton Yelchin, Ashley Edner, Chris Pine, Christian Sloan, Deep Roy, Fiona Vroom, Idris Elba, Jake Foy, Jason Matthew Smith, Jodi Haynes, Joe Taslim, John Cho, Joseph Gatt, Karl Urban, Lydia Wilson, Natalie Moon, Priya Rajaratnam, Rebecca Husain, Simon Pegg, Sofia Boutella, Thomas Cadrot, Zachary Quinto, Zoe Saldana
Produção: Bryan Burk, J.J. Abrams, Roberto Orci
Trilha Sonora: Michael Giacchino
Duração: 122 min.
Ano: 2016
País: Estados Unidos
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio: Bad Robot / Paramount Pictures / Skydance Productions
Classificação: 12 anos

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