O desafio da Introdução Alimentar
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Muitas amigas que estão passando sobre este desafio me perguntam como fiz com meus dois filhos. Por isso resolvi compartilhar com todos neste texto a minha experiência. Não sou nutricionista e nenhuma especialista em nutrição infantil. O que vou descrever é o que fiz seguindo as orientações dos pediatras que atendiam meus filhos neste período de introdução alimentar.

Por onde começar? Doce ou salgado?

Com meu primeiro filho a orientação do pediatra dele foi começar com a papinha salgada, ou como diz minha mãe, sem sabor, porque nem sal colocava :)  Depois com o tempo fui colocando só um pouquinho, mas muito pouquinho mesmo de sal! Só para realçar o sabor de alguns legumes. Comecei pelo almoço, com algumas colheradas (colher de chá). A orientação era dar duas ou três e depois o mama. Mas meu filho não parava de comer. Então acho que dei umas 10 colheradas. Depois de uns três dias e comendo aproximadamente 200 ml de papinha, tirei o mama do horário do almoço totalmente e comecei com a janta da mesma forma. Depois de uma semana almoçando que comecei a oferecer as frutas. Substitui uma mamada do meio da manhã por meia fruta (pera e maçã raspadas, banana prata madura e bem amassada, mamão papaia também raspado). Depois de uns três dias bem aceitos, comecei a substituir uma mamada da tarde também por fruta. Algumas vezes oferecia também um pouco de fruta depois do almoço. Com minha filha fiz da mesma forma, a única diferença é que não cheguei a oferecer papinha totalmente sem sal. Desde a primeira coloquei um pouquinho. Mas entenda-se pouquinho mesmo! Imagine que eu fazia uma panela que rendia 5 porções e colocava uma pitada de sal só.

O que servia nas papinhas salgadas?

No primeiro mês era uma sopinha com arroz e 3 tipos diferentes de legumes, cozidos junto com alguma carne (de gado ou de frango), mas sem servir a carne. Só ficava com o caldo. Sempre com muito tempero natural (alho, cebola, salsinha, cebolinha…) NUNCA usei temperos prontos. Não uso na minha casa e acho que aí esta um dos segredos das crianças se alimentarem bem, porque elas conhecem o verdadeiro sabor dos alimentos. É uma questão de hábito! E um excelente hábito que toda família pode adquirir aproveitando a desculpa da introdução alimentar :). No segundo mês começava adicionar somente caldo de feijão. Quando as crianças faziam 8 meses começava a introduzir a carne e os grãos de feijão amassadinhos. Carnes que não ficavam tão molinhas a ponto de conseguir amassar, acabava retirando e batendo no liquidificador ou no processador. Depois misturava junto com os demais ingredientes no prato e amassava todos juntos. Nesta fase também começava a introduzir o ovo cozido. Primeiro servia ¼ da gema, pulava um dia e servia 2/4  e assim até servir a gema inteira. Depois começava com uma gema inteira e ¼ da clara, da mesma forma que fiz com a gema. Até servir o ovo inteiro. O pediatra me ensinou assim para ver aos poucos se a criança não tinha alergia a ovo. No prato que servia ovo, não precisava de carne.  E sempre foi intercalado com este último, sendo servido 3 vezes na semana.

Líquidos

Sempre ofereci ao longo do dia água e chá de camomila e erva doce SEM açúcar. Suco sempre deixei para depois das refeições e até um ano só oferecia suco de laranja lima. Sempre ofereci com as fibras. Nunca passei na peneira. Para isso, oferecia num copinho (de cafezinho ou aqueles de remédio mesmo). Já adianto que precisa de muita paciência e faz uma bagunça. Mas assim é oferecido mais da fruta do que só o suco onde fica concentrado toda sacarose. Depois de um ano que passei a oferecer sucos de outras frutas como de melancia, melão, maçã (batida no liquidificador), e de uva integral (mas este sempre dilui um pouco na água pois acho muito concentrando).

Método BLW ( Baby-led Weaning)

Numa tradução livre o famoso Desmame guiado pelo bebê  é um método super interessante que realmente trabalha a autonomia. Mas particularmente acho que essa deve ser uma escolha em que a mãe esteja preparada e disposta a fazer. No meu primeiro filho não tive coragem. Era extremamente chata com limpeza e não queria trabalho. Já com minha filha resolvi tentar e vi que é muito bom mesmo! Mas para isso tive que adaptar minha rotina para lavar roupa praticamente todos os dias (por experiência própria, roupa suja de comida por mais de dois dias mofa com esse clima curitibano), limpar o chão e a mesinha sempre logo depois da refeição… enfim, não sou expert no assunto mas gostei muito e recomendo!

 

Algumas dicas:

– Para facilitar sua vida com os temperos, tire um tempinho para descascar o alho e bata no liquidificador ou processador. Três cabeças de alho duram mais ou menos uma semana na minha casa. Faça o mesmo com a cebola. Assim na hora de cozinhar, já tem tudo picadinho e fica até mais convidativo caprichar nos temperos naturais.

– Com a carne que era utilizada apenas para o caldo nos primeiros meses, eu retirava, picava e fazia refogado para os adultos. Você aproveita a carne e fica muito saborosa pois fica com o tempero dos legumes.

– Legumes usados para variar: chuchu, cenoura, tomate, cará, alface, aipim, batata-sala, batata-doce, brócolis, beterraba, abobrinha, abóbora, couve-flor. Sempre procurei colocar um legume de cor (cenoura, tomate, beterraba) com um tipo de batata e um legume “neutro” (abobrinha e chuchu por exemplo).

– Nunca bati a papinha toda no liquidificador. Sempre amassei com garfo. Assim parece que eles sentem melhor o sabor de cada alimento e estimulam a mastigação.

– As mamadas sempre permaneceram livre demanda. Mesmo substituindo por uma fruta ou por uma refeição, se para tirar uma soneca fosse preciso um mama, nunca deixou de ser oferecido.

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