A cidade de Serrana, no interior de São Paulo, começará a vacinação em massa da população com a Coronavac nesta quarta-feira (17)
A cidade de Serrana, no interior de São Paulo, começará a vacinação em massa da população com a Coronavac nesta quarta-feira (17)| Foto: Bigstock

Nos próximos dois meses, toda a população com mais de 18 anos da cidade de Serrana, no interior de São Paulo, receberá a vacina Coronavac, produzida pelo laboratório Sinovac e pelo Instituto Butantan, como parte de um estudo clínico inédito conduzido pelo Instituto. O objetivo é avaliar o impacto da vacinação na transmissão do coronavírus e como o imunizante vai favorecer o combate à pandemia da Covid-19.

As primeiras doses serão distribuídas a partir desta quarta-feira (17), até domingo (20), e cerca de 23 mil pessoas fizeram o cadastro no primeiro dia de inscrição para participar do projeto. A expectativa é que esse número aumente para 30 mil pessoas, visto que uma nova etapa de inscrições será aberta nesta quarta-feira.

A cidade tem, ao todo, 48 mil habitantes, mas crianças e adolescentes não farão parte do estudo clínico. Apenas adultos a partir dos 18 anos.

De acordo com o Instituto Butantan, 60 mil doses da vacina Coronavac serão enviadas nos próximos dias para Serrana. O lote que será usado no estudo foi separado especificamente para o projeto e não afetará a quantidade de vacinas distribuídas para o restante do país, via Ministério da Saúde.

Além de verificar o impacto da vacinação na transmissibilidade do vírus, o estudo — chamado de Projeto-S — também analisará como a imunização da população reduz a sobrecarga do sistema de saúde, com as internações e mortes, além dos efeitos indiretos na economia, na circulação das pessoas e contra as novas variantes.

Os primeiros resultados deverão ser divulgados em maio. "Não se trata de uma vacinação em massa pura e simplesmente. O estudo tem por objetivo acompanhar a efetividade da vacinação em uma comunidade e, com isso, identificar até que ponto a imunização individual tem efeito coletivo. Isso quer dizer que queremos identificar a queda da taxa de transmissão do novo coronavírus com a vacinação ou o número de pessoas que é necessário vacinar para que o vírus pare de circular e para que aquelas pessoas que não puderem tomar a vacina também fiquem protegidas", afirma Ricardo Palácios, diretor de Estudos Clínicos do Butantan, em entrevista para a Agência Fapesp.

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Como será o estudo?

A cidade de Serrana foi esquadrinhada e dividida em 25 setores ou aglomerações, também chamados de clusters, para que os efeitos da vacinação fossem melhor avaliados pelos pesquisadores. Os detalhes da pesquisa foram divulgados pela Agência Fapesp.

Em um sorteio, estabeleceu-se a ordem de vacinação de cada setor pelos próximos dois meses. Setores "vizinhos" não serão vacinados ao mesmo tempo, para que o impacto do imunizante fique mais claro na diferença entre os dois.

Por meio de testagens, o Instituto vai avaliar a redução do contágio da Covid-19 no decorrer da vacinação da população e fará uma ampla análise da imunidade prévia dos habitantes que receberão a vacina. O objetivo é identificar quem já tinha sido infectado previamente e se ainda teria anticorpos em circulação no sangue contra o coronavírus.

Sobre a escolha da cidade, os pesquisadores explicam que três motivos pesaram na decisão:

  • Serrana é uma cidade pequena, com 48 mil habitantes;
  • Tem um alto índice de contaminação, o que permitirá avaliar a diferença entre uma imunidade obtida pela doença e aquela adquirida via vacina;
  • Está próxima de um polo de pesquisa, no caso a cidade de Ribeirão Preto.

"Com isso, é possível verificar como se dá a evolução da vacinação e acompanhar variáveis importantes, levando-se em conta que a distribuição etária da população e a maneira como se deu a epidemia, com altas taxas de transmissão, internação e óbitos são representações do que ocorreu no Brasil como um todo", explica Palácios, diretor de Estudos Clínicos do Instituto.

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