O papa diante da Porta Santa da Basílica de S. Pedro, fechada no dia 20 de novembro. Foto: AP.
O papa diante da Porta Santa da Basílica de S. Pedro, fechada no dia 20 de novembro. Foto: AP.| Foto:

Com o fim do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, iniciado em 8 de dezembro de 2015 e encerrado ontem (20/11) com uma celebração no Vaticano, o papa Francisco publicou hoje a carta apostólica Misericordia et misera, em que faz um balanço do significado do jubileu na vida da Igreja e estende algumas das disposições feitas durante o Ano Santo.

Com o documento, o papa concede que todos os padres possam absolver o pecado de aborto, o que antes do Ano Santo estava reservado apenas aos bispos e a padres especialmente designados por eles. “Quero reiterar com todas as minhas forças que o aborto é um grave pecado, porque põe fim a uma vida inocente; mas, com igual força, posso e devo afirmar que não existe algum pecado que a misericórdia de Deus não possa alcançar e destruir, quando encontra um coração arrependido que pede para se reconciliar com o Pai”, escreve Francisco.

O papa tinha ainda concedido que, durante o Ano Santo, a absolvição sacramental dada por padres da Fraternidade de São Pio X fosse válida e lícita. A fraternidade é um grupo de padres fundado pelo bispo Marcel Lefebvre em 1970, que não aceita o ensinamento do Concílio Vaticano II e não está em plena comunhão com a Igreja Católica. Com a carta apostólica publicada hoje, Francisco estende, até novas disposições em contrário, a licitude e a validade do sacramento da confissão ministrado por padres da fraternidade.

Francisco ainda manteve o ministério de “missionário da misericórdia” aos padres assim designados por ele durante a missa da Quarta-Feira de Cinzas deste ano, no Vaticano. São padres espalhados por todo o mundo que têm permissão para absolver aqueles pecados cujo perdão está reservado aos bispos e que têm a missão especial de pregar sobre a misericórdia de Deus. O papa deseja que esse ministério extraordinário se mantenha, até novas ordens, “como sinal concreto de que a graça do Jubileu continua a ser viva e eficaz nas várias partes do mundo”.

Por fim, o papa designa que todo 33º domingo do Tempo Comum – o penúltimo domingo de cada Ano Litúrgico, que sempre cai em novembro – seja a partir do ano que vem celebrado em toda a Igreja como o Dia Mundial dos Pobres. “Será um dia que vai ajudar as comunidades e cada batizado a refletir como a pobreza está no âmago do Evangelho e tomar consciência de que não poderá haver justiça nem paz social enquanto Lázaro jazer à porta da nossa casa”, escreve Francisco.

Misericórdia não é “um parêntese”

O intuito do documento é ressaltar que a misericórdia deve permanecer no centro da vida da Igreja, mesmo com o encerramento do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.

“A misericórdia não se pode reduzir a um parêntese na vida da Igreja, mas constitui a sua própria existência, que torna visível e palpável a verdade profunda do Evangelho. Tudo se revela na misericórdia; tudo se compendia no amor misericordioso do Pai”, escreve o papa no início da carta apostólica.

“Este é um conteúdo fundamental da nossa fé, que devemos conservar em toda a sua originalidade: ainda antes e acima da revelação do pecado, temos a revelação do amor com que Deus criou o mundo e os seres humanos”, diz Francisco. “O amor é o primeiro ato com que Deus se deu a conhecer e vem ao nosso encontro. Por isso mantenhamos o coração aberto à confiança de ser amados por Deus. O seu amor sempre nos precede, acompanha e permanece conosco, não obstante o nosso pecado.”

Francisco parte de uma reflexão sobre a cena em que Jesus perdoa a mulher adúltera, retratada no capítulo 8 do Evangelho de João. É a Jesus e à adúltera que se referem as palavras que estão no título do documento: Santo Agostinho diz que o episódio narra o encontro entre a Misericórdia – Jesus – e a mísera – a pecadora.

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