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Quando o assunto são métodos naturais de regulação da natalidade, é comum que se faça muita confusão. Certo senso comum diz que se tratam de métodos ineficazes, inseguros ou mesmo fora da realidade – e sequer distinguem entre os diversos métodos naturais existentes. Esse cenário, porém, está mudando pouco a pouco. Cada vez mais as mulheres procuram métodos naturais confiáveis, sobretudo como alternativa à contracepção hormonal – cujos efeitos nocivos para a saúde, o meio ambiente e os relacionamentos são cada vez mais evidentes.

Desenvolvido entre as décadas de 1950 e 1960 pelo casal de médicos australianos John e Evelyn Billings, o Método de Ovulação Billings consiste na observação dos sinais de fertilidade ou infertilidade do organismo de cada mulher. Nisso, ele tem muito a pouco a ver com a tabelinha, que consiste meramente num cálculo matemático e, por isso, só pode ser aplicada a ciclos menstruais regulares.

“Como método de observação, o Billings pode ser aplicado a uma mulher que tem um ciclo menstrual de 28 dias, ou de 35, ou de 25, etc. Ele funciona para quem tem ciclo regular ou irregular, para quem está amamentando, para quem está perto da menopausa, etc.”, conta a médica Bruna Driessen, que atua como instrutora do método.

Por que cada vez mais mulheres optam por métodos naturais de regulação da fertilidade

“Isso porque quando você for ovular, algum sinal o seu corpo vai dar. Mesmo se um ciclo durou 60 dias e o outro 22, os sinais vão existir. Se eu estiver atenta aos sinais, vou reconhecê-los”, explica Bruna. São dois os fatores que devem ser acompanhados pela mulher: a observação do muco cervical e a sensação de umidade ou secura na vulva.

As características do muco cervical denunciam se a mulher está em um período fértil ou infértil. É que a ovulação acontece no pico de elasticidade do muco ou em até dois dias depois desse pico. Assim, quanto mais elástico o muco, maiores as chances de engravidar. Já um muco sem nenhuma elasticidade, como o que ocorre nos dias seguintes à menstruação, indica infertilidade. A umidade da vagina aumenta com a elasticidade do muco.

Por isso, o método Billings anda lado a lado com o conhecimento do próprio corpo. Trata-se de um método que considera as características biológicas individuais de cada mulher. Ainda assim, é um mito que a pessoa precise ser altamente instruída para adotá-lo.

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“Não é verdade que para acompanhar seu ciclo a pessoa precise ter um grau de escolaridade elevado”, diz Bruna. “O método já foi aplicado em grandes populações que não tinham escolaridade. As mulheres anotavam fazendo nós em uma fitinha. Também já foi aplicado em mulheres cegas, que apenas sentiam o seu muco, mas não o viam”.

 

Aplicativos

Aplicativos podem ser usados para ajudar a anotar as características do muco e da vulva a cada dia, mas as suas funções se limitam a isso: anotar. “Se o aplicativo calcula os seus dias férteis assim que você insere a data de uma menstruação, então não é um aplicativo de Billings, mas de tabelinha”, explica a médica. No Billings, acompanha-se o organismo dia a dia: o seu fundamento não é a previsão matemática.

Como melhorar a própria fertilidade

Mas se os aplicativos podem ajudar, a proposta original do método é outra: “O método Billings recomenda que seja o marido o responsável por anotar os dias férteis e inférteis”, diz Bruna. “A ideia é justamente trazer um método que tenha a participação do casal, em que a mulher reconheça e conte e o marido saiba e anote – diferente da pílula ou da camisinha, em que um dos dois participa e o outro é passivo”.

 

Saúde

O conhecimento sobre o próprio corpo propiciado pelo uso do método Billings é tão profundo que quem usa o método geralmente percebe muito mais cedo uma gestação – por volta das quatro semanas ou até mesmo em duas.

É claro que um método baseado no conhecimento da mulher sobre o seu próprio corpo traz ainda uma série de outras vantagens, além de ser útil para engravidar ou para evitar a gravidez. Como várias doenças têm como sintoma a irregularidade menstrual – como hipotireoidismo, hipertireoidismo, hiperprolactinemia e síndrome do ovário policístico –, o uso do método contribui para um diagnóstico precoce desses problemas.

“O método contribui para que você reconheça os seus padrões. Assim, se em algum momento você notar algo fora do que é comum para você, isso pode favorecer o diagnóstico precoce de algum problema de saúde”, diz a médica. “Um muco muito fora do padrão pode ser sintoma de câncer do colo do útero, por exemplo”.

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