O pastor Gottfried Martens batiza um ex-muçulmano em igreja evangélica de Berlim. Foto: Reprodução/YouTube.
O pastor Gottfried Martens batiza um ex-muçulmano em igreja evangélica de Berlim. Foto: Reprodução/YouTube.| Foto:

Algumas igrejas da Europa, de várias denominações cristãs, estão experimentando um crescimento inesperado no número de seus membros. Os novos adeptos, porém, não costumam ser europeus nativos, mas refugiados convertidos do Islã, que estão dando nova vida a comunidades da região, reporta a Fox News.

Para Matthew Kaemingk, professor de teologia do Fuller Theological Seminary, em Seattle, nos Estados Unidos, a população de refugiados muçulmanos é mais propensa a receber o anúncio cristão do que os europeus.

“Os europeus são ricos, confortáveis, saudáveis e poderosos. Resumindo, eles não acham que precisam de Deus”, diz ele. Já os refugiados estão em uma condição oposta, de marginalização, luta pela subsistência e sofrimento. Além disso, sua formação cultural os faz mais sensíveis espiritualmente.

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Nos subúrbios de Berlim, a Igreja da Trindade passou em dois anos de 150 a 700 fiéis, graças aos convertidos do Islã, segundo o pastor Gottfried Martens. Já uma igreja católica da Áustria estima que 70% dos 300 batismos que realizou em 2016 eram de refugiados. O bispo anglicano de Bradford, Toby Howarth, diz por sua vez que 25% das confirmações presididas por ele no último ano foram de muçulmanos convertidos.

Uma das razões pelas quais as igrejas estão crescendo é que elas oferecem apoio àqueles que têm necessidade. Essas necessidades não são apenas físicas. Segundo Kaemingk, o refugiado muçulmano típico experimenta fortemente a sensação de estar fora do lugar.

O refugiado Mohammad Eghtedarian, do Irã, hoje é vigário paroquial em Liverpool. Foto: Echo. O ex-refugiado Mohammad Eghtedarian, do Irã, hoje é vigário paroquial em Liverpool. Foto: Echo.

“Sua sensação de deslocamento não é apenas geográfica, mas espiritual. As igrejas que oferecem a esses muçulmanos uma hospitalidade real e significativa estão vendo resultados surpreendentes”, diz o professor.

O vigário paroquial da Catedral de Liverpool, da Igreja Anglicana, é ele mesmo um exemplo disso. Mohammad Eghtedarian se lembra muito bem de quando saiu do Irã com destino ao Reino Unido, em uma viagem cansativa e amedrontadora. Foram os cristãos que o apoiaram ao longo do caminho.

“Cada dia era desafiador e lindo. Desafiador porque eu não sabia se me deportariam. Lindo porque eu estava nas mãos do Senhor”, conta ele. A experiência permite que ele cuide espiritualmente de refugiados de uma maneira especial.

Ressalvas

Os líderes religiosos sabem muito bem, porém, que uma busca sincera da fé cristã nem sempre está por trás das conversões. A Igreja Católica austríaca publicou diretrizes para ajudar os padres a lidarem com a situação, alertando que admitir ao batismo pessoas cujas intenções não são confiáveis prejudica a credibilidade da Igreja.

“Deve haver um interesse perceptível na fé que se estenda para além do mero desejo de obter um pedaço de papel”, diz Friederike Dostal, a coordenadora do catecumenato – processo de iniciação à vida cristã para adultos – na Arquidiocese de Viena. O acompanhamento de um catecúmeno – alguém que deseja o batismo – dura pelo menos um ano.

Eghtedarian admite que algumas pessoas fingem se converter para facilitar seu processo de obtenção do asilo – sobretudo mediante a alegação de que seriam perseguidos se retornassem a suas regiões de origem. “Tentamos mesmo assim fazer o melhor para servir o povo”, diz ele. “Jesus Cristo sabia que Judas o trairia, mas ainda assim lavou os seus pés. Graças a Deus não é minha tarefa julgar ninguém.”

Com informações de Stream.

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