Reprodução/Facebook/Marcos Piangers
Reprodução/Facebook/Marcos Piangers| Foto:

Economia cambaleante, classe política deteriorada por intermináveis escândalos de corrupção,  índices de violência apavorantes. É inevitável que esse tipo de cenário cause preocupação intensa em qualquer pai responsável que queira o melhor na criação dos seus filhos. Para combater toda essa crise moral, um elemento chave que nunca deve ser esquecido é a família, diz Marcos Piangers, jornalista e autor dos livros “O Papai é Pop”, que ganhou há alguns meses, uma versão em quadrinhos.

Já há alguns anos, Piangers realiza palestras pelo Brasil falando sobre mudanças tecnológicas, mas, principalmente sobre as relações familiares. Para ele, a crise econômica e política que o país vem enfrentando é uma questão moral. E essa moralidade está em falta, justamente porque a família há muito tem se desestruturado. “A família é o núcleo que dá a referência às crianças e que cria cidadãos mais preparados para enfrentar o mundo. Essas crianças crescem e se tornam agentes de transformação”, comenta.

Ausência do pai afeta a saúde dos filhos mais do que se imaginava, diz estudo

Os gestos que parecem pequenos devem receber grande atenção dos pais, conforme recomenda Piangers. Da experiência que tem como pai de duas meninas – Anita (12) e Aurora (5) – e da criação que teve sendo criado somente pela mãe, ele diz que as crianças aprendem na prática. Logo, as pequenas corrupções diárias influenciam em muito na formação do caráter daquele cidadão em construção. “A criança aprende na prática. Se eu não roubo no troco, se pago impostos corretamente, ou se digo ‘por favor e obrigada’, elas vão absorver esses bons exemplos. É assim que se transforma o Brasil e mesmo o mundo. Mas o que eu percebo é que alguns pais têm preguiça de transmitir isso aos filhos, delegando à escola esse papel”.

Nesse trabalho de educar os filhos, segundo ele, o pai precisa estar presente. Grande entusiasta da paternidade participativa, Piangers avalia que ao se tornar pai, o homem é transformado e se preocupa muito mais com a honestidade, a gentileza, com o cuidado em tratar bem as pessoas. E é isso, o que para ele faz a diferença na hora de transmitir valores às crianças. Para Piangers, é preciso deixar o culto à correria de lado, e estar mais presente na vida dos filhos. “Esse é o culto moderno: viver em uma correria, porque assim a pessoa se sente útil, ainda que não seja produtiva”. Ele diz que o cuidado em passar bons exemplos às crianças tem de ocorrer principalmente na primeira infância (0 a 5 anos), quando os pequenos retêm melhor o que veem e é isso que resultará em um impacto social positivo no futuro. “O núcleo familiar se distancia quando pais trabalham demais e a educação é terceirizada para a escola. E pior ainda, quando elas ficam entregues à tecnologia”.

10 fotos inspiradoras que mostram como a paternidade melhora os homens

Insegurança

Piangers é também um dos apresentadores do programa Pretinho Básico, da rádio Atlântida, e por 10 anos morou em Porto Alegre. Recentemente ele se mudou com a família para Curitiba tendo em mente duas motivações: a importância de viver em um “ninho” maior, já que é na capital paranaense que toda a família de sua esposa vive, e pela falta de segurança existente na capital gaúcha. Lidar com essa questão em tempos de crise não é uma tarefa fácil também, mas ele explica que a base para que suas filhas possam entender essa questão é o diálogo e a simplicidade. “Estamos em Curitiba há quatro meses e chegamos na cidade em busca de uma vida mais simples, onde pudéssemos fazer mais trajetos a pé e ensinarmos as meninas a não ostentar. Além disso a gente conversa a respeito dos desafios de se viver em grandes cidades e de que é preciso estar atento em todos os momentos”, diz.

 

Por que o Papai é Pop?

Criado pela mãe, Piangers só conheceu o pai há dois anos, quando ela descobriu que estava com um câncer no útero. Apesar da expectativa e curiosidade que rondaram a cabeça do jornalista durante a infância e a adolescência, quando conheceu o pai, ele viu que ele era só “um cara”. Alguém com quem a mãe teve um relacionamento e que não assumiu a paternidade. A mãe fez então os dois papéis, o que para ele é uma lástima, já que deixar à cargo da mulher toda essa tarefa é algo pesado, porque a falta do pai gera inseguranças na criança, e porque a paternidade faz um homem crescer e se tornar alguém melhor.

Da série de experiências e grandes histórias que ele vive sendo um pai, foi que nasceu o livro “O Papai é Pop”, que ganhou alguns anos depois uma sequência e agora uma versão em quadrinhos.

 

*****

Recomendamos também:

***

Curta nossa página no Facebook e siga-nos no Twitter.

Deixe sua opinião