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Se você quer que a família toda coma alimentos saudáveis, é preciso abrir mão da praticidade dos congelados, empacotados ou enlatados e passar a comer comida preparada na hora. Essa é uma das conclusões a que chega o Guia Alimentar para a População Brasileira, publicação do Ministério da Saúde que chegou à sua segunda edição no ano passado. Nele, cidadãos de todo país encontram sugestões de pratos simples e saudáveis, montados com alimentos acessíveis e típicos de cada região.

Em entrevista à Agência Fapesp, o coordenador técnico da publicação, professor Carlos Augusto Monteiro, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP), disse que um almoço saudável não pode ser “basicamente feito pela indústria de alimentos”.

O guia sugere como base da alimentação os alimentos frescos – como frutas, carnes, legumes e ovos – ou minimamente processados – como arroz, feijão e frutas secas. Recomenda ainda evitar os alimentos ultraprocessados, como macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote e refrigerantes.

Porções recomendadas

Uma das inovações mais importantes desse guia é o fato de trabalhar com grupos alimentares e porções recomendadas, o que aproxima o conteúdo dos cidadãos comuns. Publicações semelhantes optam por falar em nutrientes ou medição em gramas, o que, na opinião de críticos, torna as orientações clínicas ou acadêmicas demais.

Esse diferencial chamou a atenção de pesquisadores em nutrição dos Estados Unidos. Em seu blog Food Politics, Marion Nestle, professora da New York University, afirmou que “as orientações são notáveis pelo fato de serem baseadas em alimentos que os brasileiros de todas as classes sociais comem todos os dias e considerarem as implicações sociais, culturais, econômicas e ambientais das escolhas alimentares”.

Michael Pollan, professor da University of California em Berkeley, e autor de livros como Food Rules: An Eater’s Manual (2010) e In Defense of Food: An Eater’s Manifesto (2008), disse que “as novas diretrizes brasileiras são revolucionárias” por serem “organizadas em torno de comida (e refeições!), não em torno de nutrientes”.

“Os Estados Unidos precisam seguir o exemplo do Brasil: parar de falar sobre nutrientes e começar a falar sobre comida! Esse é um documento de referência”, disse o endocrinologista pediátrico Robert Lustig, professor da University of California em San Francisco, conforme reportado pela revista especializada World Nutrition.

Destaque nos EUA

No mês passado, quando foi divulgada a versão mais atual das diretrizes nutricionais norte-americanas – um calhamaço de 571 páginas recheadas com revisões da literatura científica –, o guia brasileiro voltou a ser destaque nos Estados Unidos. Em uma reportagem no portal Vox, por exemplo, foi apontado como “as melhores diretrizes nutricionais do mundo”.

O guia é resultado de uma parceria entre o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da FSP-USP e o Ministério da Saúde.

A publicação pode ser acessada ou baixada gratuitamente neste endereço: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/novembro/05/Guia-Alimentar-para-a-pop-brasiliera-Miolo-PDF-Internet.pdf

Com informações da Agência Fapesp.

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