O PT: ser necessário?
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Em artigo publicado hoje na Folha de São Paulo, a militante do PT disfarçada de jornalista Bárbara Gancia questionou as denúncias feitas por Tuma Junior. Até aí, tudo bem. Não podemos tomar as denúncias como fatos sem que haja uma minuciosa investigação. É exatamente por essa razão que a presença do ex-secretário nacional de justiça no Senado seria fundamental. A exposição das denúncias, via convocação formal, geraria um precedente inquestionável para que elas fossem investigadas.

Voltemos ao texto da sra. Gancia. O que espanta no artigo não é – repito – o fato de ela questionar Tuma Junior, mas sim os argumentos que ela usa para fazê-lo. Ela diz:

É válido tentar varrer do mapa o único partido constituído da de­mocracia tapuia por ter ele imitado o “padrão Fifa” (literalmente) de outros partidos. Mas valeria lem­brar que não foram só Silvinhos Pereiras que fundaram o PT, há gente séria e pensante, discorde-se dela ou não, que ajudou a construí-lo. Parece às vezes que esquecemos que é um patrimônio de todos.

Quem será que o senhor Tuma Jr., cego de rancor, gostaria de ver to­mar o lugar do PT quando ele e os Jeffersons da vida tiverem termi­nado de afundar o barco? A turma do Feliciano? Do Crivela?

O que ela quis dizer com a expressão “patrimônio de todos”? Não faz o menor sentido afirmar que um partido político é patrimônio de todos, ainda mais o PT, que só age em interesse de seus dirigentes. Deveríamos inverter o raciocínio. O PT é que considera o dinheiro de todos um patrimônio seu, pois considera-se um só com a nação. Fora do PT não há salvação! É o que pode ser depreendido do parágrafo seguinte. É claro que ela cita propositalmente opções que – para que muitos – já estão queimadas, mas não devemos ser ingênuos e nos manter presos aos nomes citados por Gancia. O que ela parece pensar é que não temos outra saída senão engolir o PT como única opção possível para governar este país. Sem ele estaríamos perdidos.

Depois de ler um disparate como esse fiquei pensando o que aconteceria se a “gente séria e pensante” do PT descobrisse em Santo Tomás de Aquino a definição de Deus como “o ser necessário”. Ficariam deslumbrados ao constatar que Santo Tomás antecipou a definição de PT 700 anos antes do surgimento do partido. Como eu já dei a dica aqui, se alguma “gente séria e pensante” do PT (se é que existe essa gente) ler este texto, já terá encontrado o que precisava: uma definição que, segundo o imaginário tresloucado dessa turma, coincidiria perfeitamente com aquilo que eles pensam do Partido. Estamos diante de um fenômeno assombroso, muito pior que o mais radical fanatismo religioso. Deus nos dê forças para seguirmos adiante.

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