Assembleia da CNBB – 1º dia: militância partidária de bispos e respostas evasivas
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Repostas evasivas foram o que os jornalistas conseguiram dos bispos na primeira coletiva de imprensa referente à 56ª Assembleia Geral da CNBB. Como era previsível, o foco dado pelos bispos que participaram do momento foi o tema central, que diz respeito à formação dos padres, assunto bastante intra-eclesial e bem menos polêmico do que a instrumentalização política de estruturas da Igreja Católica ou o desvio de dinheiro para ONGs abortistas.

 

Política

Apesar disso, como ocorre em toda coletiva que se preze, há o momento que a imprensa pode fazer perguntas e é sempre nessa parte que o evento fica interessante. A primeira pergunta, feita pela Folha de S. Paulo, dizia respeito justamente às polêmicas envolvendo a CNBB e pré-candidatos à presidência da República. A repórter lembrou aos bispos da ocasião recente na qual uma fala de dom Sergio da Rocha, presidente da CNBB, foi amplamente interpretada como crítica a Jair Bolsonaro, e – essa não poderia faltar – foi mencionada também a participação de dom Angélico, bispo emérito de Blumenau, no ato religioso que marcou a “despedida” de Lula antes de sua prisão.

Assembleia da CNBB discutirá denúncia de uso do dinheiro de fiéis para financiar ONG abortista

A resposta foi decepcionante. Dom Geraldo Lyrio da Rocha, que já foi presidente da CNBB e hoje é arcebispo de Mariana (MG), foi quem tomou a palavra, dizendo que o momento é “complexo, delicado e difícil” e que em momentos assim ocorrem radicalizações, portanto, os bispos tratarão disso apenas “dentro de um contexto”, dando a entender que evitarão a todo custo falar do abusos de modo específico. É o corporativismo episcopal mostrando toda sua força para que assuntos inconvenientes não sejam tocados.

A tradicional mensagem da CNBB para o ano eleitoral, contudo, está garantida. Algum texto genérico sobre eleições deve partir dos bispos até o fim da assembleia.

 

Ordenação de homens casados e até de mulheres

O jornalista do Estado de S. Paulo perguntou se a assembleia trataria da ordenação de homens casados, já que esse tópico deve estar na pauta do Sínodo Pan-Amazônico que ocorrerá no Vaticano em 2019. Empolgado, ele também emplacou uma pergunta sobre ordenação de mulheres.

A resposta, dada pelo arcebispo e Porto Alegre, dom Jaime Spengler, foi negativa nos dois casos. Tudo foi preparado para que se trate de formação dos presbíteros e essas outras questões “não fazem parte do debate nesse momento”. Contudo, foi revelado que os delegados que representarão a CNBB nesse sínodo serão escolhidos nesta assembleia.

 

O bispo preso

A imprensa também estava ansiosa por alguma declaração sobre o bispo de Formosa, dom José Ronaldo, que foi preso no mês passado acusado de desvio de R$ 2 milhões de reais. Quem respondeu a essa questão foi dom João Bosco, bispo de Osasco. Ele lembrou que a assembleia não tratará de questões que dizem respeito a uma única diocese, embora tenha afirmado que a CNBB acompanha o caso de modo cuidadoso e que informações mais detalhadas só poderiam ser dadas pelo interventor nomeado pela Santa Sé, dom Paulo Mendes Peixoto, arcebispo de Uberaba.

 

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A Assembleia Geral da CNBB prossegue até o dia 20 de abril e o Blog da Vida pretende acompanhar todas as coletivas de imprensa, relatando tudo que estiver relacionado às recentes denúncias envolvendo a instituição, além de outros temas controversos que surgirem.

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