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Seu profundo desejo por ajudar as mulheres fez com que desde a adolescência Abby Johnson se vinculasse com a causa feminista e pró-aborto. Durante oito anos trabalhou com a rede de abortos Planned Parenthood e chegou até mesmo a dirigir uma de suas clínicas de atenção à mulher. Porém, foi ali que descobriu que o aborto não é um serviço, como vendia a empresa, mas um lucrativo negócio, e começou a repensar a sua postura.

No dia 26 de dezembro de 2009, tudo mudou para Abby, quando teve que ajudar em um aborto e viu no ultrassom como o bebê de treze semanas que estava sendo abortado lutava para defender a sua vida. Nesse dia, a dor a motivou a mudar de lado e se tornar uma das principais vozes pró-vida do país.

Mais de seis anos depois, ela é uma pró-vida convicta, coordena movimentos em favor da mulher nos Estados Unidos e dirige a organização And then there were none, que tem por objetivo ajudar funcionários de clínicas de aborto a abandonar essa prática.

Da sua casa no Texas, Abby foi entrevistada pelo site espanhol Actuall sobre os desafios que o movimento a favor da mulher e da vida enfrenta nos Estados Unidos e sobre como acredita que é possível nesta geração vencer o negócio do aborto.

Confira abaixo alguns trechos da entrevista:

Qual foi a sua experiência após mudar de lado e deixar a indústria do aborto?

Fui aceita e recebi muita graça e misericórdia. Contudo, houve quem me tenha dito coisas grosseiras; entre eles, muitos pró-vida, que acham que mereço apodrecer no inferno pelo que fiz. Felizmente, muitos parlamentares quiseram trabalhar comigo redigindo rascunhos de projetos de lei a favor da vida, pois sabem que tenho uma visão única da indústria do aborto e que não há maior ameaça para a indústria do que um ex-funcionário dizendo a verdade sobre o que acontece lá dentro.

Quais são os principais desafios que o movimento pró-vida e pró-família enfrenta nos Estados Unidos?

O compromisso e a unidade. Há muitos pró-vida dispostos a ceder em questões difíceis como o estupro, o incesto e a vida da mãe. As pessoas a favor do aborto não exigem essas exceções nos projetos de lei, mas os pró-vida as incluem acreditando que aumentará a possibilidade de a legislação ser aprovada.

É um problema de coerência?

O fato é que aproximadamente 79% das leis pró-vida são aprovadas sem incluir exceções e que um bebê ou é sempre um bebê ou não é, não há meios termos. Temos que ser coerentes e deixar de comprometer os princípios.

E quanto à unidade?

Quanto a isso, temos que escolher nossas batalhas com mais sabedoria. Há muitas formas de lutar contra o aborto, mas há algumas que nos afastam mais do objetivo através de assuntos como a religião, a falta de religião, a disputa entre os grupos e até mesmo temas que não têm a ver com o objetivo principal e causam divisão. Temos que nos unir por essa causa e deixar de lado as diferenças.

Você acredita que é possível acabar com o aborto?

Sim, acredito. Já estamos vendo isso. Mas acabar com o aborto não é suficiente: temos que fazer com que o aborto seja impensável e que haja muito apoio e recursos em favor da vida. Enquanto isso, continuamos transformando o paradigma da cultura da morte.

Uma das maneiras pelas quais você luta contra a indústria do aborto é ajudando as pessoas que trabalham nas clínicas. Por quê?

Eu saí do negócio do aborto depois de oito anos trabalhando na Planned Parenthood. Sei o que se sente ao entrar no movimento pró-vida buscando a ajuda de pessoas nas quais me tinham dito para não confiar. Quero ser essa pessoa para os que queiram sair. Não há uma ferramenta mais poderosa para desmantelar a indústria do aborto do que os testemunhos de seus ex-funcionários, porque nós vimos o que realmente acontece.

Qual é a realidade que enfrentam os que trabalham nessa indústria?

A realidade é que sofreram um grande trauma visual e emocional, bem como um dano espiritual. Muitos recebem uma má referência de trabalho e são tratados com desprezo. Há muitas pessoas que não querem contratar trabalhadores provenientes das clínicas de aborto, não porque sejam maus empregados, mas porque não querem associar a sua prática médica com o estigma do aborto. Além disso, muitos perdem o apoio de seus amigos, famílias e colegas de trabalho. É por isso que existe o meu ministério, para ajudar esses homens e mulheres a recuperar suas vidas e a encontrar a esperança e a cura.

 

Colaborou: Felipe Koller.

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