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Ter amigos é importante em qualquer idade. Durante a fase adulta, saber que há alguém além dos muros de casa com quem se pode contar, nos dá segurança e estímulo para viver e enfrentar desafios. Para as crianças, ainda que elas não compartilhem das mesmas noções que os adultos, os amigos contribuem de forma muito significativa para seu desenvolvimento afetivo e cognitivo.

“Os laços de amizade criados fora da família são importantes para a criança, na medida em que permitem a ela conhecer outros tipos de cultura e valores que passarão a formá-la como pessoa”, explica a professora do curso de psicologia da Universidade Positivo (UP), Maísa Pannuti. Segundo a especialista, ainda, a amizade permite que a criança crie uma noção maior de cooperação e respeito, já que a ela começa a entender que o amigo não tem os mesmos hábitos que ele e que por isso são diferentes, embora com afinidades.

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Essas amizades nascidas ainda na infância também criam na criança uma maior empatia. Ao serem estimuladas a compreenderem melhor o outro, a saberem que o amigo sente dor como ele, que é preciso ser generoso e cuidar daquela pessoa a quem ela quer o bem, a criança aprende a lidar melhor com as dificuldades que a vida lhe impõe.

O resultado disso é algo extraordinário, diz Maísa. Ela conta o caso de um grupo de alunos de seis anos, acompanhados por ela em um estágio, no qual foi desenvolvida uma forte noção de companheirismo. Elas perceberam que um amiguinho estava com dificuldade para lidar com as regras escolares e então passaram a ajuda-lo. “Quando o sinal bate e ele não entra para a sala de aula, logo um deles lhe dá a mão e vem conduzindo ele, cantando uma musiquinha”, comenta.

 

Estímulo dos pais

Para a psicóloga Ana Elizabeth Luz Guerra, do Centro Internacional de Análise Relacional (CIAR), é muito importante que os pais possam ajudar os filhos nessa tarefa de criar e ampliar vínculos fora de casa. “É difícil para a criança querer ter amigos e estar com outros que não sejam da família”, explica.

No entanto, segundo ela, as famílias das crianças não precisam ser íntimas. Apesar disso, é necessário um investimento em conhecer os pais dos amigos e os amigos em si, para que se tenha segurança de, por exemplo, deixar as crianças passarem a tarde na casa do outro. “Participar das atividades promovidas pela escola e organizar passeios a parques e cinema ajuda nesse processo”, diz ela.

 

Isolamento

É comum que nem todas as crianças demonstrem a mesma facilidade para criar vínculos, o que acaba resultando no isolamento de algumas em relação a um grupo. “As causas são inúmeras, mas nesse momento é fundamental que a família e a escola sejam parceiras”, avalia Maísa. Ela ressalta a importância da escola em criar condições para a integração da criança, como brincadeiras ou o incentivo para que um aluno que interaja mais se aproxime e faça contato.

“Os professores atentos percebem esse isolamento”, pondera Ana Elizabeth, e cabe a eles verificar o que faz com que determinada criança não dê conta desse espaço de intimidade que é estar com outras pessoas. “É conhecendo os outros que ela desenvolve a noção de como lidar com frustrações”, explica.

 

Onipotência x vínculos afetivos

Por fim, Ana Elizabeth lembra que a maneira como as crianças firmarão vínculos afetivos e cultivarão amizades profundas tem relação direta com o tratamento recebido em casa. Segundo ela, muitos pais têm dificuldade em mostrar para os filhos que elas não são o centro de tudo.

Dizer não aos filhos molda a relação e o prepara para lidar com as situações que virão fora de casa. “Quando ela sai da matriz que é o lar e se vê sozinha em um lugar onde ela não é o ‘rei’ ou ‘rainha’, ela entra em sofrimento”, comenta a especialista. Essa ideia de que eles podem tudo e que são tudo, dificulta o desenvolvimento de amizades mais profundas, porque elas têm a ideia de que são onipotentes.

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