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Não esqueço um relato de uma mãe, amiga de minha esposa, que se dizia encantada com seus dois filhos. “Eles são tão amorosos e sempre foram assim.” E com lágrimas completou “eu deveria ter tido mais filhos, porque se os que tenho são bons e me trazem tanta alegria, os outros também seriam assim”. Aqui eu vejo uma mãe que soube vivenciar o dom do amor materno e que, talvez por influência do pensamento hodierno, não quis mais engravidar, por medo ou por questões financeiras (o que não parecia o caso). O fato é que hoje ela se arrepende de não ter tido mais que dois filhos. Sua casa estaria mais cheia aos domingos, com seus filhos, netos e amigos. Hoje ela já sente a solidão mais próxima. Teme que seu marido deixe este mundo antes que ela. Seu casal de filhos já não consegue dar a atenção dada em outros tempos.

Quando amamos nosso filho, naturalmente somos amados por ele. Quem planta amor, colhe amor, como dizia João da Cruz. Mas dificilmente haverá pais que não amem seus filhos, então por que muitos não têm o retorno do amor filial? Por que muitos filhos simplesmente esquecem dos pais, os abandonam em asilos precários ou não se fazem presentes na vida daqueles que os criaram e que, agora na velhice, careciam de cuidados e de mimos? A resposta para essas questões pode ser muito vasta. Só Deus conhece o íntimo dos seres e o livre arbítrio de cada um. Mas nós podemos perceber, até mesmo com clareza, o dom do amor do qual muitos pais vivenciam com seus filhos e também o amor desses filhos para com seus pais. Um caminho de mão dupla, aonde o amor vai e volta, entre filhos e pais, avós e padrinhos, tios e amigos.

Em um tempo conturbado, em que se tem medo de colocar filho no mundo, devemos lembrar que esses seres são antes de tudo, filhos de Deus. É para a eternidade que nascemos. Nossos filhos são confiados a nós para que possam viver neste mundo corruptível de modo que vivenciem o amor Divino e conosco trilhem o caminho à eternidade de Deus. Que Ele abençoe todos os que criam seus filhos, e a todos os que receberão no seio familiar as novas crianças, criaturas de Deus e nossas.

 

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